Empresas atuantes nas jazidas minerais da região
Várias empresas atuaram e atuam na Amazônia, porém duas merecem grande destaque: a gigante Icomi e a norueguesa Elkem que recentemente vendeu sua área de mineração a uma empresa brasileira.
Durante 50 anos de atividade no Amapá, a Icomi causou uma das maiores agressões ao meio ambiente já registradas no Brasil.(Casara2003)
Atuou em duas frentes, uma na Serra do Navio e outra no porto da Vila do Eslebão, na área industrial do município de Santana, onde beneficiou manganês em uma usina de pelotização.
Durante sua historia, a empresa se destacou por atos inconseqüentes e de grandes danos a sociedade e a natureza.
Além de grande depósito de rejeitos que é mantido a céu aberto a anos, e que já contaminou o solo e a água da região, outra grande feito merece destaque: a Icomi doou material contaminado para a prefeitura de Santana para que fosse usado na composição de concreto asfáltico
De acordo com estudos realizados pela UFPA (Universidade Federal do Pará), 98 pessoas de 100 analisadas, apresentaram contaminação por arsênico em taxas muito superiores ao máximo aceitável pela OMS. A Icomi não reconhece esse estudo e alega que a população tem apenas verminoses e outras doenças menos graves.
A empresa recebeu um total de R$ 52 milhões em multas, devido aos danos ao meio ambiente e a tentativa de estocar material clandestinamente, porém a empresa entrou com um pedido de anulação e diminuição de valores e o processo está em tramite judicial até hoje.
Já a Elkem, apenas em três anos de existência, causou danos gigantescos ao meio ambiente e não respeitou o direito dos trabalhadores. Atuando na exploração de cromo, no Amapá, erros de engenharia causaram desmoronamentos e contaminaram rios, dessa forma a geografia foi toda modificada em virtude da obrigatoriedade da recuperação do local pela Elkem. Além disso, a empresa é acusada de desrespeitar o direito dos trabalhadores, pois para se abster de problemas trabalhistas terceirizou todo o trabalho de extração dos minerais. As empresas contratadas foram processadas pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativistas dos Estados do Amapá e Pará por não reconhecerem sua legitimidade junto aos trabalhadores. A Elkem alega não ter nada a ver com esse impasse.
Atualmente o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) está implementando a política nacional de mercúrio para o Amazonas. O objetivo é barrar o uso irregular da substância em grandes áreas fabris, como é o caso do Pólo Industrial de Manaus.
As empresas Nokia, Sony-Ericsson, Samsung, Panasonic, LG e Sony, com ramificações no Distrito Industrial, foram classificadas como poluentes do meio ambiente onde atuam.
O uso de mercúrio em escala industrial dá-se, sobretudo, por conta da incidência da substância enquanto composto inserido em pilhas e baterias de aparelhos celular
A contaminação
Metais pesados são metais quimicamente reativos e bio-acumulativosfazendo com que o organismo não seja capaz de eliminá-los.
Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades de alguns desses metais, incluindo cobalto, cobre, manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio, e zinco, para a realização de funções vitais no organismo. Porém níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos. Outros metais pesados como o mercúrio, chumbo e cádmio não possuem nenhuma função dentro dos organismos e a sua acumulação pode provocar graves doenças, sobretudo nos mamíferos.
Tabela indicativa dos níveis aceitáveis de concentrção de metais pesados no organismo humano.
Quando lançados como resíduos industriais, na água, no solo ou no ar, esses elementos podem ser absorvidos pelos vegetais e animais das proximidades, provocando graves intoxicações ao longo da cadeia alimentar. É o caso que acontece principalmente em regioes mineradoras ou que trabalhem com essas substâncias. No caso do Amapá, sua economia cresceu baseada na extraçao de Manganês e com isso ocorreram graves consequencias na saúde da populaçao local, afetada diretamente com a contaminaçao do metal nas águas e solos, além do próprio manuseio com o produto que é constantemente inalado.
O manganês é um metal cinza semelhante ao ferro, porém mais duro e quebradiço. Os óxidos, carbonatos e silicatos de manganês são os mais abundantes na natureza e caracterizam-se por serem insolúveis na água sendo o composto ciclopentadienila-tricarbonila mais facilmente encontrado. É Importante para o funcionamento normal do cérebro, evita anormalidades ósseas e a artrite. Essencial para a manutenção da saúde e da longevidade, protege os dentes, impede a impotência sexual, evita a anemia e previne o câncer. Melhores fontes naturais: fígado, cereais, legumes, verduras, leite e feijão. Porém, se consumido em excesso pode provocar graves danos a saúde.
Entre as principais aplicações industriais do manganês, destacam-se a fabricação de fósforos de segurança, pilhas secas, ligas não-ferrosas (com cobre e níquel), esmalte porcelanizado, fertilizantes, fungicidas, rações, eletrodos para solda, magnetos, catalisadores, vidros, tintas, cerâmicas, materiais elétricos e produtos farmacêuticos (cloreto, óxido e sulfato de manganês).
A contaminaçao normalmente ocorre pela exposição através dos fumos e poeiras de manganês.O trato respiratório é a principal via de introdução e absorção desse metal nas exposições ocupacionais. No sangue, esse metal encontra-se nos eritrócitos, 20-25 vezes maior que no plasma.
Os sintomas dos danos provocados pelo manganês no SNC podem ser divididos em três estágios:
± 1º: subclínico (astenia, distúrbios do sono, dores musculares, excitabilidade mental e movimentos desajeitados);
± 2º: início da fase clínica (transtorno da marcha, dificuldade na fala, reflexos exagerados e tremor);
± 3º: clínico (psicose maníaco-depressiva e a clássica síndrome que lembra o Parkinsonismo). Além dos efeitos neurotóxicos, há maior incidência de bronquite aguda, asma brônquica e pneumonia.
Um dos casos é da comunidade do município de Santana, que possui cerca de 80 mil pessoas, sendo dois mil moradores da Vila do Elesbão sofre diretamente com os efeitos da contaminação. Segundo o estudo realizado pela UFPA, 98% das pessoas analisadas apresentavam contaminação por arsênio em taxas bem superiores ao máximo aceitável pela Organização Mundial de Saúde.
Imagem 4: Localização das reservas de Manganês no Estado do Amapá e sua hidrografia.
“Estamos morrendo por causa do manganês”,afirma Maria Silva dos Santos, 69 anos, líder comunitária no Elesbão. “Colheram nosso cabelo, fizeram exame de sangue, de pele. Tiraram radiografias. Várias crianças nasceram sem cérebro. Nossa pele apresenta problemas. Estamos sempre cansados e muita gente tem problema de coração”.
O pior de tudo é que não só a Icomi não reconhece o exame realizado pela Universidade Federal do Pará e mas ainda diz que pessoas como dona Maria não têm nada além de verminoses e outras doenças menos graves (demonstrando a falta de interesse real na situação...). Para isso, a empresa usa como contraprova um teste realizado em fevereiro de 2002 pelo Instituto Evandro Chagas. Apesar de constatar a presença de arsênio em níveis acima dos toleráveis, o estudo – que ainda não foi oficialmente publicado, apesar da insistência das autoridades e da comunidade local – teria constatado que não há relação do arsênio com as doenças apresentadas pela população.
Enfim...
O descaso com a população e com o meio ambiente não são fatos raros na Amazônia. Legislação fraca, falta de fiscalização e corrupção são fatores fundamentais para que grandes empresas continuem contaminando o solo, a água e a população amazonida.
Durante o trabalho ficou evidente que as empresas agiam livremente na região.
Atualmente a fiscalização está mais rigorosa e multas estão sendo aplicadas, porém ainda é possível burlar a legislação e recorrer dessas penalidades que, devido a lentidão da justiça brasileira devem se arrastas por anos.
Quem perde é a população local que, está adoecendo vitima do manejo irresponsável pelas empresas dos metais pesados. Fica evidente que essa população está a mercê dessas grandes empresas, que visando o lucro a qualquer preço não se preocupam com aspectos sociais e ambientais.
A Professora.
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